Cirurgia do Joelho

Lesões do ligamento cruzado posterior

O ligamento cruzado posterior estende-se da face lateral de côndilo femoral medial até uma depressão localizada logo abaixo da região posterior da superfície articular da tíbia. Sua principal função é evitar a translação posterior de tíbia em relação ao fêmur com o joelho em flexão. É formado pelas bandas ântero-lateral e a póstero-medial, com diâmetro médio de 13mm e 38mm de comprimento.

Lesões do ligamento cruzado posterior são extremamente raras quando comparadas ao homônimo anterior. Ocorrem em traumatismos de baixa energia (esportes em geral) ou de alta energia (quedas ou acidentes automobilísticos), podendo, com extrema frequência, estar associada a outras lesões ligamentares.

Lesão do ligamento cruzado posterior

O diagnóstico é realizado através da anamnese, do exame físico e de exames de imagens. Durante a avaliação poderá ser observado derrame intra-articular significativo, principalmente nos primeiros dias após a lesão. O teste da gaveta posterior possibilita graduar a posteriorização da tíbia em caso de ruptura ligamentar.O exame físico permite determinar a existência de outras lesões associadas, principalmente de estruturas estabilizadoras do joelho (ligamento cruzado anterior, ligamento colateral medial, ligamento colateral lateral, tendão do poplíteo, cápsula articular) e avaliar o eixo mecânico do membro inferior. Também é fundamental descartar qualquer lesão vascular devido a intima relação do ligamento cruzado posterior com a artéria poplítea.

A ressonância magnética é extremamente útil para confirmação diagnóstica e detecção de possíveis lesões associadas. Entretanto, sabe-se que o ligamento cruzado posterior poderá apresentar-se íntegro nas imagens, mesmo existindo lesão do mesmo.A radiografia sob estresse posterior permite quantificar e documentar a posteriorização da tíbia.

Diferentemente de outras lesões ligamentares, o manejo exato das rupturas do ligamento cruzado posterior ainda é controverso. Pacientes com lesões isoladas e com posteriorização da tíbia inferior a 10mm (graus I e II) poderão beneficiar-se do tratamento conservador. Este consiste em imobilização e restrição de carga por 4 a 6 semanas, seguido de reabilitação funcional.

Por outro lado, o tratamento cirúrgico poderá ser necessário em determinadas situações: lesões grau III (>10mm de posteriorização), avulsões das inserções ósseas, lesões ligamentares associadas (ligamento cruzado anterior, ligamento colateral medial, canto póstero-lateral) ou coexistência de mal alinhamento do membro inferior (joelho varo). Na maioria das vezes a reconstrução é realizada através de técnicas artroscópicas, podendo ser utilizados enxerto autólogos (tendão patelar, tendões flexores ou tendão do quadríceps) ou homólogos (cadáver). Os métodos de fixação mais utilizados são os parafusos de interferência (metálicos ou absorvíveis) ou endobottons. Nas primeiras 6 semanas será restrita a mobilidade do joelho e a carga no membro inferior. O período médio para retorno as atividades esportivas prévias varia entre 9 a 12 meses.

Reconstrução do ligamento cruzado posterior com enxerto de flexores e fixação com parafusos de interferência.
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